Foi há muito tempo, eu sei!
Mas eu recordo
como se tivesse sido hoje!
Como se tivesse sido ontem...
Em qualquer outro dia...
Em qualquer outra madrugada...
Tal a avidez com que eu bebi
o mel da tua chegada!
E tu chegaste assim
de mansinho, sem ninguém te esperar...
Trazias vestida uma farda de ilusão
e na mão, uma espingarda de luar...
Com um cravo no cano
pronta a disparar!
Trazias os olhos rasgados,
pintados com as cores da utopia...
Trazias no peito
o clarão dum novo dia...
E nos lábios
os versos de uma nova poesia!
Tudo em ti era novo!
Até a maneira como pronunciavas
a nova palavra povo!
Povo que te cantou
e gritou o teu nome, até à exaustão...
Que desfraldou bandeiras proibidas
e abriu as portas da prisão...
E no fim te guardou
para sempre em seu coração!
Foi há muito tempo, eu sei!
Mas é no tempo que o teu nome perdurará...
E mesmo na memória mais cansada
a tua linda madrugada
ninguém mais esquecerá!
José Gago
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