Cerro os meus olhos
e tento flutuar,
por sobre as águas
deste rio caudaloso
que me inunda o pensamento...
Mas sinto a vida a doer-me
nos fundões do desalento!
A vida dói-me
ao frio da noite incalma...
E porque a turbulência dos dias
me fazem doer a alma!
Dói-me o desencanto
e o sabor a frustração...
Dói-me o abraço hipócrita
mais o sorriso de ocasião...
E sinto um povo a doer-me
no lugar do coração!
Dói-me os ideais estagnados
com tanta coisa por fazer...
Dói-me os sonhos apagados,
impedidos de amanhecer...
Dói-me o ontem do medo
e o amanhã da incerteza...
Dói-me o riso da ostentação
ante o pranto da pobreza!
Dói-me a esperança a desistir
dói-me a vida a esmorecer...
Dói-me a força de resistir
à vontade de morrer!
José Gago
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