13/08/2012

JOSÉ ROSA GAGO - ( Poema acróstico )

Jamais serei poeta da saudade
Ostentando a tristeza como meta
Serei sim, um cantor da Liberdade
É esse o meu dever como poeta!

Reclamar os meus direitos, estar presente
Onde a minha poesia esteja em riste
Sem medo, agitar lá bem na frente
A bandeira da razão, que ao povo assiste!

Garantir a altivez do meu país
Abril aconteceu, é imortal...
Gritar ao mundo - Aqui, eu sou feliz
O meu país é livre, é Portugal...!

José Gago

OLÁ, LUANDA!

Olá, Luanda!
Minha alegre cabritinha enamorada!
Meu sumo de manga fresquinho
que eu bebi de madrugada...
Minha janela aberta
por onde vejo essa Angola
tão distante e tão amada...!

Olá, Luanda!
Da imensidão do mar anil...
Dos bairros de S.Paulo e do Cazenga
do campo do Grafanil...
Onde um dia morri por ti
antes de Abril...!

Olá, Luanda!
Minha savana incendiada
fogo posto no capim...
Tu és merengue, quizomba e batucada
saudade amontoada
que arde dentro de mim...!

José Gago

O BEIJO ROUBADO

Após a valsa rodada
que nós dançámos os dois
a dança que veio depois
foi muito mais complicada...
Decidi roubar-te um beijo
e levei uma estalada!

Foi um beijo sem maldade
sem ofensa p'ra ninguém
mas tu não achaste bem
essa minha liberdade...
E de uma coisa tão simples
formou-se uma tempestade!

Veio o teu pai e a tua mãe
veio também o teu irmão
instalou-se a confusão
não mais se entendeu ninguém...
Dei meia dúzia de socos
mas levei para aí uns cem!

E assim me ficou gravado
p'ra toda a eternidade
aquele beijo roubado
na febre da mocidade...
No bailarico mais falado
da nossa colectividade...!

José Gago

11/08/2012

PERDIDOS E ACHADOS

Atenção!
Encontrou-se cabeça...

Perdida por uma razão qualquer,
tanto pode ser de homem, como de mulher...!

Pelo mau estado em que se apresenta,
revela nunca ter tido massa cinzenta...!

Todo o interior da sua estrutura,
demonstra avançados sinais de loucura...!

Também a sua superfície exterior
se apresenta muito combalida...
Devido às grandes cabeçadas,
que terá dado na vida...!

Mesmo que haja pouco a fazer-lhe...
Entrega-se a quem provar pertencer-lhe...!

José Gago

TUDO E NADA

Eu sou o rio impaciente
que corre veloz...
Em busca da foz...!

Sou a onda indiferente
prenha de segredos...
Que esmaga a revolta, de encontro aos rochedos...!

Eu sou a nortada
persistente e fria...
Que agita a seara, ao final do dia...!

Eu sou tempestade e sou acalmia...
Sou o frio da tristeza...
Sou o sol da alegria...!

Sou a noite de breu
e sou a madrugada...
Sou o silêncio
e sou a alvorada...
Sou a partida
e sou a chegada...

Eu sou tudo...
E não sou nada!

José Gago

FILHA PREDILECTA

É filha predilecta de Palmela,
a terra que eu mais amo e me alumia
Por ser Quinta do Anjo o nome dela,
tem anjos a guardá-la noite e dia...

Muito embora modesta, é altaneira
imponente no nome e tradição
Do trabalho teceu sua bandeira
e dorme em lençóis feitos de pão...

A serra dá o tom de verde e ouro
ao manto que cobre a sua nudez
O vinho dá-lhe o crisma dum tesouro
e a força do sangue bem português...

Os seus filhos leais, seguem o lema
fiéis à sua regra pioneira,
Amá-la como os versos dum poema
que se escreve e se canta a vida inteira...!

José Gago