23/05/2012

JANELA DO PASSADO

Hoje acordei sentimental!

Lágrima ao canto do olho...
Uma nuvem na alma...
E um soluço debruçado
á janela do passado...!

Não sei se terá sido sonho
ou pesadelo...
Não sei se foram horas, ou minutos...
Só sei que acordei agitado
embrenhado, no mundo mágico da minha infância...
Como se eu tivesse voltado
a esse mundo doirado
diluído, na memória da distância...!

Lembro-me de ter voltado a respirar
o verde-vivo dos trigais...
De ouvir de novo a voz do vento
na ramagem dos pinhais...
E, Meu Deus!
Como eu corri pelos campos
livre, como os pardais...!

De desvario, em desvario
e em rodopio...
Andei por todos os cantos e recantos
que foram outrora
bastiões dos meus encantos!

As adegas, os celeiros...
As hortas, os moinhos altaneiros...
E claro! A minha velha escola!
Essa casa grande e fria
onde aprendi a ler e escrever...
e de tantas recordações
que jamais posso esquecer...!

E lá estavam, o Chico e a Rosa...
O João Sapateiro e a Mariana...
O Serôdio e a Soledade...
E tantos outros
da minha saudade...!

E como poderia eu esquecer-me
da minha professora Adelaide...?
Quando ela nos gritava com a sua voz de trovão...
Meninos, muita atenção!
O Estado Novo - é o tema da redacção!

Não sei se terá sido sonho
ou pesadelo...
Não sei se foram horas, ou minutos...
Só sei que acordei sobressaltado, esquisito...
com uma voz a chamar-me:
Ó ZÉZITOOOOO...
Era a voz de minha mãe!
Impossivel, não reconhecer aquele grito!

Hoje acordei sentimental!

Lágrima ao canto do olho...
Uma nuvem na alma...
E um soluço debruçado
à janela do passado...!

José Gago

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