01/06/2012

GRITO SENTIDO

Segundo a voz do povo...
Quem não se sente, não é filho de boa gente!
E quem cala, consente!

Por conseguinte...
Eu, que me sinto enganado...
Frustrado...
Defraudado...
Não posso ficar calado!

Tudo porque o país, que eu trago aqui na minha mão...
Que é o meu país de coração
onde a democracia venceu...
Não é, nem de perto nem de longe
esse país, que Abril, um dia me prometeu...!

Este país abúlico, tristonho
sem alma nem pujança...
Não é o mesmo país, sonhado
desenhado
nos alvores da minha esperança!

Daí, que eu seja impelido a soltar ao vento
este meu grito sentido
como quem cospe um lamento...

Quem foi que espezinhou os cravos de Abril...?
Quem foi que mutilou as rosas de Maio...?

Porquê, não se houvem mais, as canções de Liberdade...?
Nem os poemas, dos poetas da minha saudade...?
E porquê, este espesso manto de angústia
cobrindo a minha cidade...!

Pois que voltem os poetas!
Os cantores e os pintores!
Porque é preciso pintar um arco-íris com novas cores...
É preciso escrever poemas de mil amores...
E é preciso enfeitar as ruas, de canções novas e flores...!

Este país, que eu trago aqui na minha mão...
Que é o meu país de coração...
Não é o país que eu aprendi
nas canções do Zeca, nos poems do Ary
e tantos outros, que eu ainda não esqueci...!

Quem não se sente, não é filho de boa gente!
E quem cala, consente!

Por isso eu sinto!
Por isso eu falo!
Por isso eu não me calo!

Alguém me prometeu um país novo!
Alguém me prometeu um país diferente...
Mentiram-me!
Não posso estar contente!

José Gago

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