Toca o despertador
hora de ir à vida...
Acorda a Maria
para mais um dia
de longa corrida...
Mal abre os olhos
sente-se cansada...
Mas que adianta...?
Logo se levanta
bem determinada!
Suspira, boceja
profere uma praga
aconchega os seios
que ninguém afaga...
Ela é mãe solteira
mas mãe a valer...
Não caíu na lama
tem um filho que ama
mais amores, não quer!
Já bem acordada
e com decisão
acende a coragem
começa a função...
O duche a correr...
Vestir, calçar...
A cama por fazer
o leite a aquecer
o pão a torrar...
O relógio que avança
sem nunca parar
e a Maria correndo
para não se atrasar!
Vai ao quarto
acorda o filho...
Está rabugento...
Hó! Que sarilho!
Veste-o à força...
calça-o também...
O miúdo berrando
agarrado à mãe...
Mas ela, coitada
com calma aguenta...
Está acostumada
já nem se lamenta...!
Olha p'ró relógio
já está atrasada...
Pega na maleta
e sai apressada...
Pede um beijo ao filho
que lhe dá o nega...
Senta-se ao volante
o carro não pega!
A Maria então
entra em depressão
e solta um palavrão...!
Mas o motor lá pegou
e a Maria acalmou...!
Corre o seu destino...
Cumpre o seu calvário...
E entrega o menino
lá no infantário...
Entra no escritório
sente-se em sufoco
saúda um colega
recebe um piropo...
Mas ela nem olha
nem sequer liga...
Piropos p'ra ela
é tudo cantiga!
O dia decorre
aumenta a agonia
e a Maria ansiando
p'lo final do dia...
Ela é tão novinha
mas tão boa mãe!
Só pensa no filho
que é tudo o que tem!
Hora de saída!
Sai a toda a pressa...
E a sua corrida
logo recomeça...
Recolhe o petiz
de regresso ao lar...
Abraça-o, feliz
deita-se a sonhar...!
Pobre Maria!
Que vida em pedaços!
Ainda uma criança
e um filho nos braços!
Trabalha, trabalha
com perseverança...
Chora quando calha
mas não perde a esperança...!
José Gago
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