03/06/2012

A CORRERIA DA MARIA

Toca o despertador
hora de ir à vida...
Acorda a Maria
para mais um dia
de longa corrida...

Mal abre os olhos
sente-se cansada...
Mas que adianta...?
Logo se levanta
bem determinada!

Suspira, boceja
profere uma praga
aconchega os seios
que ninguém afaga...

Ela é mãe solteira
mas mãe a valer...
Não caíu na lama
tem um filho que ama
mais amores, não quer!

Já bem acordada
e com decisão
acende a coragem
começa a função...

O duche a correr...
Vestir, calçar...
A cama por fazer
o leite a aquecer
o pão a torrar...

O relógio que avança
sem nunca parar
e a Maria correndo
para não se atrasar!

Vai ao quarto
acorda o filho...
Está rabugento...
Hó! Que sarilho!

Veste-o à força...
calça-o também...
O miúdo berrando
agarrado à mãe...

Mas ela, coitada
com calma aguenta...
Está acostumada
já nem se lamenta...!

Olha p'ró relógio
já está atrasada...
Pega na maleta
e sai apressada...

Pede um beijo ao filho
que lhe dá o nega...
Senta-se ao volante
o carro não pega!

A Maria então
entra em depressão
e solta um palavrão...!
Mas o motor lá pegou
e a Maria acalmou...!

Corre o seu destino...
Cumpre o seu calvário...
E entrega o menino
lá no infantário...

Entra no escritório
sente-se em sufoco
saúda um colega
recebe um piropo...

Mas ela nem olha
nem sequer liga...
Piropos p'ra ela
é tudo cantiga!

O dia decorre
aumenta a agonia
e a Maria ansiando
p'lo final do dia...

Ela é tão novinha
mas tão boa mãe!
Só pensa no filho
que é tudo o que tem!

Hora de saída!
Sai a toda a pressa...
E a sua corrida
logo recomeça...

Recolhe o petiz
de regresso ao lar...
Abraça-o, feliz
deita-se a sonhar...!

Pobre Maria!
Que vida em pedaços!
Ainda uma criança
e um filho nos braços!

Trabalha, trabalha
com perseverança...
Chora quando calha
mas não perde a esperança...!

José Gago

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