06/05/2012

UMA RÉSTIA DE SOL

A ti, meu amigo!
Meu camarada, meu irmão!
A ti, velho guerreiro
companheiro da fisga e do pião...

Como vai distante, meu amigo
o nosso tempo dos trigais...
Dos campos floridos
e dos sonhos coloridos
que não vivemos nunca mais!

Como vão longe os nossos jogos e corridas
as lutas, as guerras fracticídas...
Os duelos travados a dois
esquecidos, logo depois...
Incrível, meu amigo!
Como o tempo,desbaratou o nosso tempo...!

Como cavaleiros das trevas,
percorremos uma a uma,
as veredas emaranhadas da nossa ilusão...!
Pintámos as estrelas com as cores vivas da irreverência
E descobrimos tesouros
em cada canto da nossa inconsciência...!

Até que aos poucos
fomos perdendo o rasto às nossas emoções!
Eliminámos os piratas...
Mandámos à fava os espiões...
E findámos para sempre,
essa luta permanente, entre policias e ladrões...!
E foi assim,que sem dar-mos por isso
nos tornámos uns calmeirões!

Veio a tropa...
Veio a guerra do Ultramar...
Vieram os caminhos tortuosos da vida...
E só agora no Outono, nos voltámos a encontrar!

Só que agora, estamos velhos meu amigo!
Os nossos olhos, já não têm o mesmo brilho
que outrora os iluminou...
E nem eu, nem tu
conseguimos esconder as marcas do chicote
com que o tempo nos castigou!

Aqui; sentados à esquina da tristeza
tentamos aquecer o coração
na derradeira réstia de sol que a vida nos oferece...
Ao mesmo tempo que desfiamos, velhas histórias
dum tempo que não se esquece...!

Mas recordar sem chorar
é o lema que nos deve nortear...
Vamos sim, pôr um sorriso alegre na lapela
e abrir no coração uma janela
para a réstia do sol poder entrar...!

José Gago

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